E a vida regalada de emigra lord acabou. Foi num abrir e fechar de olhos ou melhor, evaporou. Acabaram-se as noites bem dormidas, o hábito de ter um horário (que adorei), a organização no trabalho, a rotina de devorar artigos e de absorver novidades, as palmeiras na berma das estradas, o bom tempo e os fins de tarde à beira da piscina, os jantares megalómanos com os amigos ricalhaços, a limousine, as festas impossíveis e a mansão agora virou um T1. Acabaram-se os muffins e o american english, o starbucks e os bagels...Foi preciso uma semana para o neurónio se habituar. Desci à terra, finalmente, e o príncipe comigo.
Os corredores barulhentos do bunker, os pés mal cheirosos, os doentes sem ipad nem iphone, o material de trabalho sempre remediado com o belo do adesivo, os telemóveis a tocar a lambada ou música tecno estridente, a falta de sorriso nas pessoas que trabalham quase sem intervalos e os doentes que não pagam um tostão pela saúde que só reclamam...chegaram sem pedir licença e de malas feitas.
Mas o calor da família e dos amigos do peito está de volta, assim como a comidinha dos meus Belhinhos e o bisturi, que agora não largo! Apenas o que preciso para continuar com vontade de não perder este bom humor e inteligência emocional com que aprendi a viver nos últimos 3 meses. Tudo se aprende. Bem vinda à realidade...
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